2007/04/12

Um dia com Sócrates

Vamos lá perorar sobre a entrevista do PM ontem na RTP:

Se alguém achava que de uma entrevista a um orgão de comunicação que manteve um inexplicável blackout informativo durante quase 2 semanas poderia resultar algo diverso do que ontem vimos e ouvimos acredito que tenha ficado esclarecido.

Qualquer neófito sabe bem que a grande dificuldade de este tipo de entrevistas (pensemos Judite de Sousa) reside na irritante mania que os jornalistas têm de interromper o entrevistado com perguntas do género: "não está a responder à minha questão?" e "não foi isso que lhe foi perguntado", etc... nada disso se passou ontem.

Foi um quase passeio para um PM visivelmente cansado de duas semanas de media training com os seus assessores, contrariando de resto a ideia que transmitiu inicialmente que não fizera preparação esopecial nenhuma para aquelas questões. Por diversas vezes, por palavras e gestos, que não teria feito outra coisa.

Tire-se o chapéu ao PM que para quem não está mininmamente informado sobre este dossiê, foi perfeito, nota 10! Convenceu em toda a linha.

Ora, para quem leu alguma coisa, ficaram muitas dúvidas por esclarecer. Quase todas, algumas muito importantes, como saber se não foi muito temerário da parte do PM dizer que tinha uma relação quase impessoal com António José Morais, como explicar os dois registos da AR mas na biografia só está a não "corrigida", a razão das mudanças periódicas no CV no site do Governo e do PS, as pressões sobre jornalistas, só para mencionar algumas.


Outras ficaram por fazer, como saber o que levou o director do DN a despedir F. S. Cabral anteontem? Saber se na tomada de posse do então Sec. Estado, José Sócrates, foi chamado a prestar juramento como Engenheiro, licenciado ou senhor? (e aqui estamos a falar de um juramento perante a CRP e não de um papel qualquer) Eventuais interesses económicos sobre a separação do cobre do digital impediram certos órgãos de dar a sua opinião ou investigarem esta questão?

Curiosamente que também fiz uma transferência entre universidades por alturas em que o PM fez a dele, lembro-me bem que tive levar o certificado comigo ou não havia inscrição sequer. Um deputado acha que a ignorância sobre estes procedimentos é de menosprezar? Enfim... tantas questões.

Dizer que não está fraglizado é no mínimo cedo, senão uma mentira descarada, porque os factos presentes não são meras insinuações e fazem e farão mossa.

Para terminar, a reacção de Mendes, que imagino dificilima de redigir, ficou entre ser duro e exigir uma ida à AR ou chutar para canto e esperar desenvolvimentos, dizebdo que não estava convencido e pouco mais (vinham logo os menezistas falar nos dois meses de aulas que ele deu na UNI).
Pediu uma comissão independente e respondeu para dentro do PSD, pediu que se investigasse e respondeu para todos, falou de falha moral e das duas uma, ou tinha informações que a justificassem ou não tinha.
Aqui, acho que escorregou, se afirma tal coisa tem de apresentar provas definitivas, também se o fizesse justificava a teoria da cabala contra o PM.

Estou em crer que a procissão vai no adro.

No comments: