2007/04/18

Espero novidades

A Universidade Independente (UnI) terá funcionado nos anos lectivos de 1993/94, 1994/95 e até Janeiro de 1996 no prédio da Rua Fernando Palha, 69 e Rua do Telhal, 8A e 8B tornejando para a Rua da Fraternidade Operária, em Lisboa, arrendado ao construtor civil Saúl Maia de Campos.O edifício, premiado com o Prémio Valmor na Avenida Marechal Gomes da Costa, Lote 9, era pertença do Instituto Pasteur de Lisboa (Virgílio Leitão Vieira dos Santos & Filhos, S.A.) uma empresa farmacêutica, que aí funcionava, uma empresa que havia sido comprada pela multinacional Wyeth.

Em Agosto de 1994, a Wyeth deixou as instalações da Avenida Marechal Gomes da Costa para novas instalações. O prédio da Avenida Marechal Gomes da Costa, como se disse propriedade do Instituto Pasteur de Lisboa, foi vendido à Imoleasing (do grupo Caixa Geral de Depósitos) que o terá cedido depois à Sides (empresa detentora da Universidade Independente). No último andar do edifício da Marechal Gomes da Costa, depois da saída do Instituto Pasteur terá ainda funcionado a SIBS.

O prédio foi depois submetido a obras de adaptação para albergar a Universidade e esta terá mudado definitivamente nas férias de Natal de 1995, começando a funcionar as aulas na Marechal Gomes da Costa em Janeiro de 1996.

No histórico do site da UnI pode ler-se o seguinte: "A Universidade Independente iniciou as suas actividades na Zona Oriental de Lisboa, num edifício sito na Rua Fernando Palha. Devido ao seu enorme crescimento, em 1995, foi adquirido o antigo Edifício Pasteur, situado numa das principais avenidas de acesso ao Parque das Nações".

O Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), que José Sócrates frequentou no ano lectivo de 1994/95, fica a poucas centenas de metros de distância das instalações onde a UnI terá começado a funcionar em Janeiro de 1996. O prédio da Rua Fernando Palha, 69 fica a cerca de 4 km do ISEL

in do Portugal Profundo


ANTECIPO DESDE JÁ A RESPOSTA DO GABINETE DO PM.~

" O Gabinete do PM diz que para um maratonista como Sócrates 4 km fae-se num
tirinho!"

Mas que coisa foi aquela?!

Chego a casa, atiro-me para cima do sofá, ligo o televisor de extraordinária qualidade que tenho o orgulho de possuir, faltam 5 minutos para as 20.00.

Acendo um cigarro, faço um zapping rápido entre AXN, Fox e Fox Live, volto para os nacionais e eis que me deparo como a cara do tal Reitor ou coisa que o valha, começa, não começa e ai que não se ouve bem.

Mentalmente penso nos pobres alunos e desejo que pelo menos este consiga dizer duas seguidas depois do inacreditável espectáculo do Vice nos Prós e Contras. (já sei, já sei, parece que o tipo é bom que se farta com um par de alicates e duas dúzias de fios, mas isso é coisa diversa)
Ao fim de uns minutos, já nem sabia que estava mais irritado, se eu ou os jornalistas.

A Conferência da UNI foi um dos momentos mais surreais a que pude assistir nos últimos tempos, seguindo de uma sessão de perguntas e respostas (acho que foi isso que aquela coisa foi) ainda mais maluca.

Pobre PM, devia estar aos pontapés às cadeiras, aos assessores e secretárias. Que tragédia grega. Mais valia terem se atirado ao PM.

Enfim, vamos lá ver o que por aí mais virá. A julgar pelas últimas do Cerejo, começo a achar o silêncio de António Costa muitíssimo eloquente.

2007/04/17

You have one life left...

José Sócrates terá feito a cadeira de Inglês Técnico ­– uma das cinco que realizou na Universidade Independente para concluir a licenciatura em Engenharia Civil – através de um pequeno trabalho entregue numa folha A4, que fez chegar ao reitor acompanhado de um cartão do seu gabinete de secretário de Estado.

O cartão e a folha A4 foram encontrados no processo do aluno José Sócrates pela nova equipa que está à frente da Universidade Independente.
O SOL apurou que está previsto estes dois documentos serem apresentados durante a anunciada conferência de imprensa da nova direcção, com a indicação de que o dossiê escolar de Sócrates, nesta cadeira, não contém qualquer outro elemento de avaliação.

Um destes documentos é, então, um cartão de José Sócrates (subscrito enquanto secretário de Estado adjunto do ministro do Ambiente e que tem o timbre do seu gabinete), em que este escreveu, pelo seu punho: «Meu caro, como combinado aqui vai o texto para a minha cadeira de Inglês».

Agrafada a este cartão, está uma folha A4, com um pequeno texto em inglês, que corresponderá à resposta a menos de uma dezena de alíneas.
Segundo apurou o SOL, este «trabalho para a cadeira de Inglês» é o único documento escolar de Sócrates desta cadeira e terá servido para concluir a sua avaliação final a Inglês Técnico.

Contactado, o gabinete do primeiro-ministro informa que, a haver comentários ao caso, ficarão para depois da conferência de imprensa da UnI.
A conferência de imprensa, que estava marcada para hoje às 18h foi entretanto adiada para amanhã, quarta-feira.

Ontem, a direcção da UnI prometeu revelações importantes na investigação empreendida pela Universidade ao processo do aluno José Sócrates.

graca.rosendo@sol.pt
felicia.cabrita@sol.pt

2007/04/16

Conclusões do Caso Sócrates (pelo menos até agora)

José Sócrates, por clara inépcia, perde muito nestas últimas semanas. Em primeiro lugar, cometeu um erro grave logo de início. Ficou calado, a justificação coxa do processo de averiguações à UI pelo ME teria tido cabimento apenas e se Gago tivesse assumido as despesas da casa e anunciado um grave problema da UI que tivesse justificado aquela desculpa para um dossier de aluno que chegou ás mãos dos jornalistas do Público. Gago fez pior, entusiasmado, isolou o pobre PM e em vez de caracteriza-lo como mais uma das vítimas de uma instituição que desrespeitava os seus alunos, resolveu colocá-lo à parte do resto dos seus colegas. Sócrates era diferente, era excepcional, era exemplar.
Ora bolas! Com esta já o lixou. – Pensei cá para mim – Basta apanharem mais uma confusão que não possa ser atribuída à UI e lixam o PM.
Dito e feito. Logo no dia seguinte, saltava a história da biografia da AR.
Outro erro, foi o excessivo zelo posto pelo próprio e pelos assessores em controlarem danos na imprensa. Duplo erro. Em primeiro lugar, confirmava mais uma vez o inexplicável e suspeito nervosismo sobre uma questão que poderia ter sido resolvida em menos de um esfregar de olhos, em segundo lugar, os excessos de linguagem (perfeitamente claros no caso de Sarsfield Cabral) e um tom anormalmente ameaçador galvanizou os jornalistas, mesmo aqueles que até ali davam pouca importância ao assunto.
Aqui, não se deve esquecer a péssima opção de controlar os danos nos órgãos de comunicação públicos, que em menos de uma semana estavam isolados do resto do “coro” mediático, com o público a perguntar-se porquê.

Primeira conclusão: As acusações de manipulação e pressão sobre os jornalistas, cuja simples existência de assessores não justifica, tornou-se mais do que uma suspeita aos olhos das pessoas, é hoje uma certeza que serve de base para sketches humorísticos.



Outro erro, logo após o silêncio, foi dar não uma entrevista, mas uma verdadeira conferência de imprensa. Não foi confrontado com verdadeiras questões, não foi molestado no discurso que tinha engatilhado e ensaiado. Por outras palavras, teve espaço e tempo para explicar tudo o que quis. Corria o risco de ser desmentido por factos posteriores e ajudou a que tal acontecesse com mais um péssimo apontamento, muito notado por estas bandas, ao revelar um profundo desprezo pela blogosfera, mais valia não ter dito nada.

Segunda conclusão: A escolha de um momento de total esclarecimento, isolado, transformado num momento televisivo, não serve de nada se não se estiver preparado para realmente esclarecer tudo. Mais uma vez a sua veia controladora teve um efeito de ricochete, ajudando à festa galvanizando todos e mais alguns bloggers que por aqui escrevem.

Argumente-se que se nada houvesse a esconder que esta questão estaria arrumada. É verdade. No entanto, estou em crer que pouco mais se poderá apurar que altere a percepção que se estabeleceu. Que o PM foi beneficiou de especiais facilidades para obter uma licenciatura. Justa ou injustamente essa imagem “colou” ao PM e não sairá facilmente.
Não quero com isto insinuar que há muito mais coisas “escondidas”, não faço ideia, espero que para o bem de todos não se descubra que o PM mente sobre tudo o que afirmou na entrevista, era mau para todos, mas leva à última conclusão: Esta história nasce de uma investigação na blogosfera e por ela tem sido desenvolvida, o jornais praticamente limitam-se a confirmar as informações que por cá aparecem, o que atesta que o PM deveria ter tido um pouco mais de atenção ao que as novas tecnologias e a sua utilização em rede, algo que não deixa de ser caricato.

2007/04/13

A culpa de outros

"(...)Acontece que isto não é só um problemazinho dele, afecta todo um País, e afecta também o seu próprio partido. Com ou sem Sócrates o PS tinha todas as condições para indicar um novo PM, e evitar novas legislativas. Tinha, mas já não tem. Ao cairem todos na tentação em que caiu uma boa parte do PSD, no período negro santanista, e ao reduzirem tudo a uma mera questão 'clubística' e de fé, para lá de qualquer réstia de lucidez, racionalidade, bom senso ou sentido de estado, canibalizam toda e qualquer coisinha que pudesse ter restado da maioria absoluta de que dispunham. Ponto.

Para terminar, apraz-me registar o regresso do jornalismo de investigação - puro e duro - agora que fechou "O Independente", lamentavelmente, e na esmagadora maioria dos casos, apenas sobre a forma de refreshes e mais refreshes ao blog, e caixas de comentários do Portugal Profundo. Acontece que não basta saber ler, é preciso saber pensar, e fazer contas... Dito isto o reitor da Universidade Independente até Junho de 1996, foi o Prof. Doutor Ernesto Costa, actualmente professor catedrático da FCT da Universidade de Coimbra, e só depois dessa data é que o Prof. Arouca assumiu o cargo de reitor. Vá lá, agora vão ouvir a 'genial' entrevista outra vez, na parte dos atrasos no certificado de equivalências ..." escreveu o Manuel da GLQL e eu lá fui obedientemente fazer isso mesmo.

Confirma-se o que mais se poderia temer no gabinete do PM: As criticas que choveram sobre as ignóbeis insinuações da blogsofera, com a qual Sócrates não perdia tempo, as de um "poderoso" (?!?!?) manipulador mediático como Marques Mendes e dois ou três Jornais nestas últimas 48 horas serão, ainda que lentamente, substituidas com elogios e no mínimo um espantado "...pelos vistos!".

Esta última notícia, que irá certamente aparecer nos jornais já amanhã, é terrivel e qualquer resposta que seja dada pelo Gabinete do PM, menos uma, obriga a pensar na possibilidade de o pedido de equivalencias feita no ISEL ter ocorrido na perspectiva da chegada de Arouca. É bom que Sócrates apresente um pedido feito ao ISEL em julho de 95, o que para quem guarda recibos de propinas deve ser coisa simples, sob pena de criar uma situação insustentável. Uma situação da qual só pode resultar favorecimento para Sócrates.
Vamos ver o que se seguirá.

Temos então, as questões:

Para os Serviços da AR
A biografia parlamentar, onde está o original?
Como é que existem registos diferentes na AR, em sitios diferentes, com base num só documento e o mesmo desapareceu?
Quando aparece a fotócopia com os acrescentos?
Quando se corrige uma biografia (no original e a horas presumo) porque é que os serviços não ligam peva e na edição respectiva fica a informação errada?

Para Sócrates ou Serviços do ISEL
Quando foi pedido o certificado de equivalencias ao ISEL por José Sócrates? Um ano antes? Menos? Muito menos?! Depois de Junho de 96?

Para não haver mais surpresas
Se afinal Sócrates ainda teve tempo para andar inscrito na Lusíada (aposto que só tirou negativas) e em Direito (?!!) não seria melhor sabermos se por acaso não andou a tirar outro curso qualquer na Covilhã?


Estou numa fase em que realmente já só espero que "isto" tenha mesmo uma resposta com alguma lógica.


Aditamento (que não me consola nada):

Certificados de Sócrates com notas e datas diferentes 13.04.2007 - 20h05 Ricardo Dias Felner

Um certificado de habilitações de José Sócrates, cujo original está na posse da Câmara Municipal da Covilhã, não coincide com o certificado que consta do seu dossier de aluno na Universidade Independente (UnI) e que foi revelado na RTP, na quarta-feira, pelo próprio primeiro-ministro.

(...)

As notas agora reveladas pelo certificado enviado para a Câmara Municipal da Covilhã correspondem às notas inscritas numa folha, apresentada como pauta ao PÚBLICO, que faz parte do dossier de aluno de José Sócrates. Na primeira investigação publicada sobre o caso neste jornal, no dia 22 de Março, já se dava conta das divergências de notas registadas nessa pauta e no certificado de habilitações que também constava do processo.

in Público mais documentos em causa

2007/04/12

Modest Mouse (não é uma indirecta)

Um dia com Sócrates

Vamos lá perorar sobre a entrevista do PM ontem na RTP:

Se alguém achava que de uma entrevista a um orgão de comunicação que manteve um inexplicável blackout informativo durante quase 2 semanas poderia resultar algo diverso do que ontem vimos e ouvimos acredito que tenha ficado esclarecido.

Qualquer neófito sabe bem que a grande dificuldade de este tipo de entrevistas (pensemos Judite de Sousa) reside na irritante mania que os jornalistas têm de interromper o entrevistado com perguntas do género: "não está a responder à minha questão?" e "não foi isso que lhe foi perguntado", etc... nada disso se passou ontem.

Foi um quase passeio para um PM visivelmente cansado de duas semanas de media training com os seus assessores, contrariando de resto a ideia que transmitiu inicialmente que não fizera preparação esopecial nenhuma para aquelas questões. Por diversas vezes, por palavras e gestos, que não teria feito outra coisa.

Tire-se o chapéu ao PM que para quem não está mininmamente informado sobre este dossiê, foi perfeito, nota 10! Convenceu em toda a linha.

Ora, para quem leu alguma coisa, ficaram muitas dúvidas por esclarecer. Quase todas, algumas muito importantes, como saber se não foi muito temerário da parte do PM dizer que tinha uma relação quase impessoal com António José Morais, como explicar os dois registos da AR mas na biografia só está a não "corrigida", a razão das mudanças periódicas no CV no site do Governo e do PS, as pressões sobre jornalistas, só para mencionar algumas.


Outras ficaram por fazer, como saber o que levou o director do DN a despedir F. S. Cabral anteontem? Saber se na tomada de posse do então Sec. Estado, José Sócrates, foi chamado a prestar juramento como Engenheiro, licenciado ou senhor? (e aqui estamos a falar de um juramento perante a CRP e não de um papel qualquer) Eventuais interesses económicos sobre a separação do cobre do digital impediram certos órgãos de dar a sua opinião ou investigarem esta questão?

Curiosamente que também fiz uma transferência entre universidades por alturas em que o PM fez a dele, lembro-me bem que tive levar o certificado comigo ou não havia inscrição sequer. Um deputado acha que a ignorância sobre estes procedimentos é de menosprezar? Enfim... tantas questões.

Dizer que não está fraglizado é no mínimo cedo, senão uma mentira descarada, porque os factos presentes não são meras insinuações e fazem e farão mossa.

Para terminar, a reacção de Mendes, que imagino dificilima de redigir, ficou entre ser duro e exigir uma ida à AR ou chutar para canto e esperar desenvolvimentos, dizebdo que não estava convencido e pouco mais (vinham logo os menezistas falar nos dois meses de aulas que ele deu na UNI).
Pediu uma comissão independente e respondeu para dentro do PSD, pediu que se investigasse e respondeu para todos, falou de falha moral e das duas uma, ou tinha informações que a justificassem ou não tinha.
Aqui, acho que escorregou, se afirma tal coisa tem de apresentar provas definitivas, também se o fizesse justificava a teoria da cabala contra o PM.

Estou em crer que a procissão vai no adro.

2007/04/10

Parece-me apropriado...

Urdidura

Deixem-me ver se compreendo:

A Universidade Independente, tratou mal os papeis da licenciatura de José Sócrates, os serviços da AR confundiram as habilitações de José Sócrates em 1993 e até o Diário da República fez asneira no elenco do governo de Guterres em 95... Bolas! Falava o Santana de urdiduras!! Isto sim, é que é uma urdidura! Não há serviço que não tente denegrir o nosso PM!!

2007/04/04

oh shit!

São Bento remeteu explicações para a UnI
Estudo diz que não houve nenhum diplomado no curso de Sócrates em 1996
04.04.2007 - 23h30 Ricardo Dias Felner

Um estudo do Ministério do Ensino Superior revela que em 1996 não houve nenhum aluno diplomado em Engenharia Civil, pela Universidade Independente (UnI). Este dado contraria os documentos, apresentados ao PÚBLICO como fazendo prova da licenciatura do primeiro-ministro, que indicavam que José Sócrates havia concluído o curso no dia 8 de Setembro de 1996. (Ver mais amanhã no PÚBLICO)

Em declarações ao PÚBLICO, o assessor de imprensa do primeiro-ministro, Luís Bernardo, reafirmou que “o primeiro-ministro acabou a licenciatura em 1996”, remetendo qualquer explicação sobre o resultado do estudo para a UnI. “Isso não é um problema do primeiro-ministro. A questão terá de ser colocada à UnI e ao Ministério do Ensino Superior.”Contactado pelo PÚBLICO, o reitor da UnI à época, Luís Arouca, recusou-se a dar qualquer esclarecimento. “Estou em completo black out relativamente a esse assunto”, disse. De acordo com o levantamento estatístico Diplomados (1993/2002), elaborado em 2004 pelo Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES), só se licenciaram na UnI, no ano de 1996, alunos dos cursos de Ciências da Comunicação (67) e de Relações Internacionais (25).A razão pela qual a maioria dos cursos ainda não tinha qualquer licenciado, nesse período, deve-se ao facto de a UnI ter começado a funcionar em 1994/95.
Na página 177 do documento do OCES pode ler-se que, para o curso de Engenharia Civil, os primeiros diplomados só surgem em 1997/98 — e são sete. Este número coincide com o valor apresentado num relatório de avaliação externa do curso de Engenharia Civil da UnI, elaborado por uma comissão independente. A pista sobre este levantamento foi dada por um leitor anónimo do blogue Do Portugal Profundo, cujo autor, António Balbino Caldeira, tem levantado, desde 2005, dúvidas sobre o currículo académico de José Sócrates. Os dados do documento (disponível no site da OCES) têm por base, como é escrito na introdução, “a resposta dos estabelecimentos de ensino superior ao inquérito estatístico anual realizado pelo OCES” — um organismo pertencente ao Ministério da Tecnologia, Ciência e Ensino Superior. Em declarações ao PÚBLICO, há três semanas, o primeiro-ministro, o antigo reitor da instituição e o então director do departamento de Engenharia Civil garantiram que, logo em 1996, quando o curso tinha apenas dois anos, houve alunos, transferidos de outras instituições, a frequentar cadeiras dos terceiro e quinto anos da licenciatura em Engenharia Civil, entre os quais estava o próprio José Sócrates.

Esta versão foi contudo contrariada, na mesma altura, pelo director da Faculdade de Engenharia e vice-reitor, Eurico Calado. Este professor afirmou que em 1996 só funcionaram aulas dos primeiro e segundo anos do curso de Engenharia Civil. Quem deu as aulas?Esta não é, no entanto, a única contradição que subsiste relativamente à licenciatura de José Sócrates. Permanece pouco claro quem leccionou as cinco disciplinas que o actual primeiro-ministro terá concluído naquela instituição. O director à época do departamento de Engenharia Civil, António José Morais, afirmara ao PÚBLICO (ver edição de 22 de Março) que fora responsável por quatro dessas cadeiras, todas na área das estruturas. O ex-reitor Luís Arouca, por sua vez, acrescentara que Fernando Guterres dera algumas dessas aulas práticas.

No “Expresso” da semana passada, por sua vez, António José Morais citou um outro docente, “o monitor Silvino Alves”, que também terá leccionado essas cadeiras.Sucede que num currículo exaustivo de António José Morais, o docente apenas refere ter leccionado, em 1996, na UnI, as disciplinas de Betão Armado e Pré-Esforçado e Teoria das Estruturas. A primeira cadeira terá sido concluída por José Sócrates, mas a segunda não aparece sequer no plano curricular do curso. De fora ficam, assim, três cadeiras que António José Morais dissera ter ministrado a José Sócrates nesse período: Análise de Estruturas (3º ano), Projecto e Dissertação (5º ano) e Estruturas Especiais (5º ano).

No mesmo currículo, com 43 páginas, António José Morais indica que só leccionou a cadeira de Projecto, em 1997, ou seja, quando José Sócrates já teria a licenciatura finalizada. Questionado por e-mail sobre estas contradições e sobre as aulas dadas pelo “monitor Silvino Alves”, António José Morais manteve que leccionou as quatro disciplinas de estruturas e que, “em todas”, teve “mais que um aluno”, acabando por concluir: “Desconheço que versão de currículo viu”. Acrescentaria depois que “Teoria é o mesmo que Análise”.


A explicação do Governo
O gabinete do ministro do Ensino Superior, contactado pelo PÚBLICO, afirmou que os dados do relatório do OCES quanto ao número anual de licenciados não incluem, “para qualquer dos cursos, os alunos que, tendo ingressado por transferência, tenham concluído a licenciatura através de um plano de estudos fixado na sequência de um processo de equivalência”. Este critério não está, contudo, explicado no relatório — antes pelo contrário. Na introdução do documento, onde se explica o âmbito do estudo, concretiza-se que as estatísticas se referem “ao grau de licenciado, obtido através de diferentes percursos académicos”. A explicação do Ministério do Ensino Superior parece também ser contraditória com o facto de, na própria UnI, nos cursos de Ciências da Comunicação e Relações Internacionais, serem indicados no relatório como diplomados, logo em 1996, dezenas de alunos que ali ingressaram por transferência.

História Pt. II

Noticiava no DE a 30/08/2001, o jornalista Mário Baptista...


“O Ministro da AI, Severiano Teixeira, mandou ontem arquivar o processo disciplinar ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Infra-Estruturas), António Morais, no âmbito das investigações à Fundação para a Prevenção e Segurança.
O ministro contraria assim o primeiro relatório da IGAI., que preconizava a instauração do processo a Morais….”


Neste segundo relatório do IGAI estava escrito que “não se indicia a violação de nenhum dos deveres enunciados” na lei sobre o estatuto disciplinar dos funcionários públicos, propondo-se o arquivamento do mesmo.

Estava em causa a falta de documentos escritos para as obras na Quinta de S. António, na Pontinha e contradições entre responsáveis envolvidos.
O PSD e PP tinham acusado Morais de duplicação de verbas para permitir a construção de um edifício para a FPS, usando dinheiro do PIDDAC para outro fim.

O relatório justificava que as dúvidas relativamente ao destino das obras aconteceram porque o GEPI e o seu director, “desconheciam” que o Governo Civil e a FPS tinham celebrado um protocolo relativamente à cedência da quinta, apesar da tutela destes dois organismos estar sobre a alçada do mesmo Secretário de Estado, à época Armando Vara.

O DE terminava então a notícia, dizendo que a decisão contrariava a recomendação do inspector que conduzira o primeiro processo, de nome João Gonçalves, que se afastou do processo invocando “pressões profissionais e institucionais”, substituído por Adelaide Sequeira, do MP, depois de ter visto a sua recomendação de instauração de um processo disciplinar rejeitada pela sua superior hierárquica Fátima Carvalho.

História Pt. I

Presidente do IGFPJ apresenta demissão

O presidente do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça (IGFPJ) apresentou hoje a demissão, que foi aceite, na sequência da requisição de uma funcionária sem concurso, disse uma fonte do Ministério da Justiça.

DE com Lusa

O pedido de demissão de António Morais surgiu depois da decisão daquele Instituto de cessar as comissões de serviço de dois responsáveis, na sequência de uma notícia do semanário 'Independente' sobre a requisição de uma funcionária sem concurso.Segundo o jornal, Neidi Becker, cidadã brasileira, foi requisitada "pelo Estado para ser a responsável pelo departamento de logística do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça" durante três anos, sem ter sido aberto concurso.

O jornal acrescenta que o presidente do IGFPJ autorizou a sua contratação por sugestão do director do departamento da administração geral do Instituto, Ernesto Moreira.Em comunicado, o Conselho Directivo do IGFPJ informou hoje de manhã que decidiu "cessar as comissões de serviço da Dra. Neidi Becker e do Dr. Ernesto Moreira".

Ao 'Independente', Ernesto Moreira disse que "não era preciso" ter aberto concurso, acrescentando que houve mais candidatos ao lugar.

Segundo o jornal, o ordenado de Neidi Becker estava estabelecido em cerca de 1700 euros mensais.

Antes de ser requisitada para o IGFPJ, Neidi Becker era funcionária de um restaurante no Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

O IGFPJ sublinha no comunicado que a técnica em causa "não foi requisitada pelo ministro da Justiça ou qualquer outro membro do Governo", mas sim pelo Instituto, que "tem autonomia administrativa, financeira e patrimonial".

O Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça tem diversas competências, como o pagamento de vencimentos e abonos dos funcionários do Ministério da Justiça ou o controlo orçamental da Secretaria-Geral da Justiça.

O medo da sarjeta

Nos idos tempos de Pedro Santana Lopes no Governo, a nação acordou alvoraçada com a possibilidade de o Governo criar uma central de comunicação. Coisa diabólica, censura política, lápis azul e coisas que tais, pressurosamente encontradas para adjectivar uma reorganização na forma de contacto do Governo com a comunicação social. E o Governo lá foi apascentado pelos cultores do politicamente correcto, eles sim detentores de lápis azuis, e a central de comunicação acabou por ficar pelo papel.
Ninguém espera, claro, que os cultores do lápis azul, os que verdadeiramente determinam quando é que a nação deve indignar-se, se esqueçam das suas simpatias políticas. Os censores servem para isso mesmo. O que já se esperava é que, 30 anos depois de Abril, os censores do regime disfarçassem melhor, e com maior pudor, ao serviço de quem pululam, permitindo que um véu, pelo menos ténue, lhes cobrisse as intenções.

Dois exemplos recentes demonstram o estado da coisa e desmascaram o Estado metido nela: as profusas declarações de Augusto Santos Silva, censor máximo do jornalismo de sarjeta e o tratamento jornalístico dado às constantes mutações na biografia oficial de José Sócrates.
Que um ministro se arrogue o direito de classificar, com força de lei ou regulamento, com eficácia geral, o que deve ser um (proibido) jornalismo de sarjeta, deveria provocar reacções proporcionais à enorme violação da liberdade de expressão, nas suas várias vertentes, que ali se espreita. Mas parece que não. Tudo calado, com raras – mas tardias, demonstrando que a blogosfera serve afinal para muito – excepções.
O que é o jornalismo de sarjeta? É o jornalismo de que não gosta Augusto Santos Silva. Como sair dessa sarjeta? Agradando a Augusto Santos Silva. Claro como água, azul como o lápis.
Claro que, se a mão que empunhasse o lápis não fosse canhota, ai Jesus que vem aí o Salazar e querem acabar com a liberdade. Mas como a mão que o empunha é a mesma que cerra os punhos, tudo se passa como se nada se passasse, e viva a regulação e viva a qualidade e mais não sei o quê. Já ninguém se lembra da central de comunicação de Santana, claro, nem do cuspo com que a recebeu, tão ocupados que estão no beija-mão oficial às canhotas mãos.
Tudo não passaria de uns maravilhosos parágrafos para enxertar no livro de Santana Lopes não fosse, final, verdade tudo quanto venho escrevendo neste post. Pois que foi em nome do jornalismo de sarjeta que a quase universalidade dos nossos meios de comunicação social se escusou a publicar e investigar um assunto de evidente interesse público.
Não falo de uma falta de licenciatura, não, sem esquecer que a falta da dita serve sempre para atacar e denegrir quem está na política: são os carreiristas e senhores do aparelho. Mas não. Nem disso falo, que nunca fui nessas cantigas. Falo da possibilidade de mentiras, as tais que matam os políticos, sobretudo à direita claro está e da eventualidade de favorecimentos, dos tais que matam os políticos, sobretudo à direita claro está.
Receosos de serem remetidos à sarjeta, quase tudo se calou. E os poucos que falaram, que ousaram colocar o pezinho em rama verde, fizeram-no com um respeitinho tal que nos vieram à memória primeiras páginas sem respeitinho nenhum. Munidos de paninhos quentes, que faltam quase sempre, infelizmente, os corajosos fizeram o que puderam para noticiar sem irritar, publicar sem denegrir, dizer sem contraditar.
E os telefonemas, centralizados ou não, lá se fizeram, claro, com os seus efeitos. Tudo muito normal, evidentemente, que o número foi digitado por mão canhota e é em nome da qualidade e do rigor da profissão e não, como esses diabos do Governo do Santana, que vinham acabar com a liberdade de abrir o bico.

Via O Insurgente