2006/05/30

Mosquitos Socráticos

Era de tarde, estávamos numa praia à qual fui duas vezes na vida, esta era a segunda e não me espanta que seja a última.

Na primeira ida, a minha bendita senhora sentou-se com as crianças ao lado de um grupo de halterofilistas amadores e suas respectivas donzelas, umas meninas com costas de nadador profissional de mariposa com a agravante de não saberem nadar “à cão” sequer. Umas meninas de traseiro musculado e fio dental, umas “Sónias”, com um ar feroz e que não andam, desfilam, pavoneiam-se e olham pelo canto do olho para o efeito provocado. Tudo isto com os respectivos armários de tanga a rosnar em redor que precisavam de exercitar as pernas.

E Pumba! Lá iam eles a correr para o mar com grande estardalhaço e sonoro chapão na onda de 27,5 cm, saindo de lá a ajeitar o “pacote” no meio de uma confusão de espuma e areia.
Posso jurar que cada vez que o faziam voltavam com menos 10 pontos no QI, provavelmente porque à força de enfiar com a tromba na areia em cada mergulho, alguns dos solitários neurónios decidiam fazer-se à vida.

Milhares de neurónios vindos das duas margens do rio reúnem-se no meio e são há anos absorvidos por golfinhos, é por isso que estes, embora raros, são dos mais inteligentes no mundo.
Ora este comportamento, sendo estranho, creio que tem directa relação com o facto de termos violado uma das regras fundamentais das praias portuguesas. Chaque macace dans son galhe.
A culpa era nossa.

Temi que a segunda ida a esta praia tivesse o mesmo resultado, não foi assim. Desta vez, respeitaram-se as fronteiras tacitamente estabelecidas entre diferentes castas sociais. Facto incontornável em qualquer praia do país e que obedece a rituais precisos.

Por exemplo, havendo liberdade total de deslocação nos vastos areais portugueses, é sabido que há uma parte onde se agrupam os meninos bem e uma parte saloia, com fronteiras bem definidas, como na Praia Grande onde para lá do Angra estão os betinhos, em primeiro lugar as famílias numerosas, depois os grupos fashion (malta solteira ou divorciada sempre na moda e sempre à caça) e lá para o fundo os fashion alternativos (gente que passa férias na quinta do Balsemão e faz ioga).
Do lado de cá e até à piscina fica o resto, os saloios, mais os surfistas, muito juntinhos uns aos outros o que é outra característica do lado mais popularucho da praia, a necessidade de compartilharem em alegre intimidade um espaço comum.

Este estado de coisas ocorre em qualquer praia, de norte a sul do país, a violação destas regras origina sempre chatices. Uma família beta no lado popularucho põe todos nervosos e vice-versa.

Tudo corria bem, tudo estava feliz e contente, estando eu a olhar pelos miúdos que faziam ameaças rituais de que se iriam atirar á agua, uma gritaria infernal que me impediu de prestar atenção a um fenómeno estranho que se passava nas minhas costas.
Só quando um estranho silêncio se abateu sobre a praia é que olhei para trás, assisti a uma debandada geral, gente a agitar freneticamente os braços e toalhas, até a minha mulher agitava os braços fazendo estranhos sinais.

Olhei em volta e só vi três moçoilas pretas o que é manifestamente pouco para causar um ataque histérico daquele lado da praia, eram moçoilas grandalhonas mas mesmo assim não via justificação, polícias de choque nem vê-los, pelo que me inclinei para um elemento do Bloco de Esquerda munido de uma câmara de filmar, sendo que só um justificaria a debandada, mas também não vi nenhum.

Lá peguei nos miúdos e dirigi-me ao repositório de baldes e pás, para perceber que uma gigantesca nuvem de minúsculos mosquitos cobria toda aquela zona.

Mosquitos completamente alheados das convenções vigentes e aceites, mosquitos que tratavam todos por igual, incomodavam todos da mesma maneira e obrigavam todos, sem olhar a raça, credo ou condição social, a ir para casa, mosquitos governamentais, imbuídos do mesmo espírito que marca os socialistas modernos.

Mosquitos da terceira via.

Em coisa de minutos puseram todos, brancos, pretos, ricos, pobres, todinhos dali para fora á força de picadas.

Pelo caminho, olhávamos uns para os outros, pela primeira vez unidos pela flagrante e vergonhosa violação das convenções que tantos anos demorámos a construir, todos conscientes que com mosquitos destes não há volta a dar.

Contributo para salvar a Humanidade

É facto controverso que a evolução se encontre convenientemente explicada na Origem das Espécies, ficaram de fora demasiadas questões importantes, demasiadas losse ends, para que a explicação seja satisfatória. Há uma constante e permanente busca pelo inexplicável bem patente em trabalhos posteriores e nas perguntas de Hawking ou Einstein.
Esta eterna dúvida deu origem a alguns fenómenos de terríveis consequências que destroem o próprio significado de ser humano. Um deles surgiu, inesperadamente, nos últimos anos da nova e gloriosa era electrónica.
Os e-mails que versam sobre auto estima, bons sentimentos, procura da felicidade, respostas para os males da humanidade. Mensagens, cheias de subtis ameaças, de desgraças anunciadas para quem “não entrar no espírito da coisa”.
Parece-me assim de louvar que se lance um imposto sobre sms e e-mails, se o mesmo tiver como objecto esta subespécie que rebenta com caixas de e-mail, nos faz pensar o pior dos outros e tem contribuído decididamente para a minha falta de Fé na humanidade em geral.

2006/05/26

Este blog poderá ser um caso sério

Apercebi-me agora que já existem três links para este blogue, sendo que um deles é feito pela Miss Pearls. Isto é coisa que me comove e no caso da Miss ainda mais.

Miss Pearls, assim como a inevitável Bomba Inteligente, são referências incontornáveis da blogosfera nacional, mais ainda da feminina. A Sociedade Anónima é um caso diferente, há ali demasiada frontalidade para estarmos a falar de mulheres com quem eu queira ter grandes intimidades intelectuais, são gajas, são fêmeas de melros, são melras. Eu sei que parecem ser bichinhas pacíficas mas são corvídeos, se as puserem na gaiola com um periquito qualquer, acaba-se o psitacideo. (é com s ou c?)

Não é o caso, das referidas Miss e Bomba, estas são mais fiéis à condição, não isenta de perigos, de mulheres a conhecer sem medo. Pensar não é sinónimo de mexer uma palha para me deslocar a um daqueles encontros de bloguistas. Para tais coisas mando o outro eu, o menino. O que se portará bem, sempre e em quaisquer situações.

Como é óbvio, não me chamo Duncan, este é o blogue do outro que vive no intervalo, uma versão mais despenteada do respeitável senhor doutor que quando vai comprar cigarros, troca o CD meio riscado de musicas infantis do carro familiar e põe o Apocalypso aos gritos e janela aberta para todos perceberem que há coisas que se devem ouvir contra o direito ao sossego.

Não, não é do senhor, pai de filhos lindos, que resultaram de uma união com uma mulher que enche uma sala mas sim daquele que bem sabe que o mistério dessa união resultou de um único acto de coragem, irrepetível e quase acidental. Este lado, jamais mostrará a sua identidade secreta que tem de ser outras coisas mais próprias e civilizadas.

Isto não é bem um elogio, ou também é, aos blogues femininos, é mais um agradecimento, pelo link e por existirem uns blogues de mulheres e uns de gajas.

Sobre bolas e outros elementos esféricos

O Magnifico Professor Fernando Santos.

Ele é novo treinador na LUZ, coisa que deixou meio Portugal estupefacto e deu razão àquele senhor que é presidente do Benfica – o treinador estava na minha cabeça – acrescento mesmo, que estava apenas na cabeça dele. Fernando Santos é uma espécie de treinador, espécie e não género, que é capaz de coisas extraordinárias, no sentido que fogem da normalidade e não de serem boas ou, neste caso, compreendidas.

Um dos piores comentadores desportivos, cuja vantagem sobre todos os outros (quase todos péssimos) é nunca lhe termos posto a vista em cima, de seu nome maradona, faz (entre outras coisas) uma análise a este propósito “Já sonho até com a fatídica imagem de ver o Engenheiro a levantar-se do banco de braços abertos ao mesmo tempo que encolhe os ombros, como que não compreendendo por que é que as pessoas estão chateadas por o Vizela estar a dar dois secos na Luz ao Benfica em jogo a contar para uma eliminatória qualquer da Taça de Portugal. Sim, quando ele se levanta do banco, chega à linha lateral e encolhe os ombros e abre os braços, mimetizando um grande ponto de interrogação, não é para questionar o que se passa em campo ou as acções dos jogadores por si hipoteticamente treinados, mas para pôr em causa o comportamento da plateia. Vou tentar explicar.”.

E ele explica, com uma desgraçada chamada a esse vulto de nome Artur Jorge, um homem que não sendo bonito, deu um novo significado à frase “fazer coisas bonitas” e quase me reconciliou com o incompreendido mau génio de Sá Pinto.

Passo eu agora a explicar, já que ninguém o fez.

Não interessa para nada o que pensa Fernando Santos, se quer fazê-lo ou não sabe se o faz. São questões laterais e não atingem o âmago da questão.

Fernando Santos, é um apaixonado pela circulação de bola, aqui muita atenção, falo de circulação e não das mariquices que têm dominado o meu Sporting nos últimos tempos. Falo, isto sim, de movimentos circulares da bola e como Fernando Santos não se cansará de gesticular aos seus jogadores.

Os treinos são sempre feitos com base nessa procura incessante e futebolisticamente revolucionária do significado profundo e ontológico de se jogar com uma bola e não com outro objecto qualquer. Fará correr à volta de uns pinos que o próprio lançará – com um gesto de enorme elegância – para o relvado, os seus alunos. Porque o que se trata aqui de uma aula e não de um simples treino.

Essa procura será transportada para o campo, para os jogos, para as massas ululantes e demasiado ocupadas com minudências, como o resultado numérico, para entenderem que nunca se perderá nenhuma destas lições mesmo que se percam todos os jogos. Calmamente, Fernando Santos fará gestos circulares para os jogadores do Benfica, estenderá o seu braço e com o dedo virado para o relvado, desenhará um perfeito circulo, uma analogia da perfeição divina da criação e que em última análise só está realmente presente no futebol porque está lá uma bola. Não soubesse ele o que é o Pi.

Esta será a grande lição de Fernando Santos, se por obra e graça de um milagre, os jogadores do Benfica fizerem o que lhes for então pedido, os afortunados adeptos de futebol poderão assistir à perfeição resultante de 11 jogadores a correrem num círculo nas suas posições, com a bola atravessando o rectângulo verde, vários universos num só que com eles não se identifica – o rectângulo - e a presença de Deus em transito entre esses universos pessoais. Perante a o espanto da equipa contrária que só aí compreenderá o que lá anda a fazer.

Um "poema" que nem o esforçado Artur Jorge escreveria nos seus melhores dias.

Espero com algum cepticismo, porque Portugal nunca percebeu o que lhe é pedido em nome da humanidade e porque o Benfica têm portugueses a mais.

2006/05/22

Maldita boa educação

- Oh ‘cum caraças! – Pensei cá para mim quando me sentei há mesa. - Mas que merda de disposição é esta?! Mas quem foi a besta que me sentou aqui?
Ora às 11 está a M com um decote que a condenaria a ser apedrejada por ofensa aos costumes numa colónia de nudistas, o que seria de saudar, não tivesse a sua querida mãezinha sentadinha ao seu lado e que tem de mim, como não podia deixar de ser, a melhor das impressões. Ora, isto é falta de respeito para com este vosso escriba, é desconsideração.
Se há tretas que me moem o juízo são as escolhas estético-naturistas destas miúdas. Pior, a minha bendita educação elitista que me impede de me comportar como o camelo do G que está prestes a dar um pincho por cima da mesa e enfiar-se no decote da outra miúda ao meu lado e para essa eu já nem olho, nem falo, até que para o fazer tinha de olhar 15 cm para cima e à esquerda. Se olho em frente, coisa que inadvertidamente fiz quando ela se sentou, só me passa pela cabeça a secção de lacticínios do El Corte Inglês. Prefiro passar por idiota.
É sobrinha do J. e ele sentou-a ao meu lado para ficar “protegida”, para ter uma conversa decente, porque o cabrão acha que ela assim está com pessoas mais da idade dela, pois claro! Pois nada! Há pelo menos 10 anos de diferença e 40 de mentalidade. Cabresto do J.! Eu bem sei que se a sobrinha fosse minha já o gajo me andava a rondar para lhe saber a idade. Maldita boa educação.
Do lado esquerdo L passa o tempo a inclinar-se para me contar fofocas da noite anterior, como se eu tivesse cara de gaja…
Até o cabrão do empregado me ignora olimpicamente e prepara-se para perguntar pela vigésima vez se “o peixinho está bonzinho” à sobrinha do J.
O P está do outro lado a gozar o prato, pergunta-me pela quarta vez se o polvo está bom. Então não está!? Não vês minha besta que há meia hora que não levanto os olhos dele! Não vê?!!! Não queres tu vir pr’aqui!? Não!?
Maldita boa educação! Olha para o alarve do G! ainda não disse uma de jeito, ri-se de boca aberta e estou farto de perceber que está a precisar de uma sessão de higiene dentária… Lá vai ele, mais uma piada à Malucos do Riso com inclinação para a frente “Isso minha besta! Já enfiaste a gravata no prato do vizinho” e essa seria a minha única consolação, não soubesse logo que entraste na sala que a tua grande paixão são fatinhos de treino e chanatinha de fim-de-semana.
Maldita boa educação, é o que vos digo!

2006/05/18

Se dúvidas houvesse

... que PG é um magnifico spin doctor este post dissiparia qualquer dúvida.
Aliando uma inteligência, muito acima da média dos outros spin doctors que eu conheço e extraordinários conhecimentos, faz uma extraordinária e inovadora análise política da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa sobre Manuela Ferreira Leite.

Ele viu, como ninguém, que MRS “não colocou um ponto final na sua carreira política e que ainda deseja -- ou que, pelo menos, admite essa hipótese -- regressar à liderança do PSD” e logo tratou de acautelar distâncias e (suponho) proximidades com o actual líder, que obviamente PG vê como de transição, sendo que até aqui não se distingue de ninguém. Quase fico enternecido com tanta perspicácia.

Eu, muitíssimo menos inteligente que PG, imagino cenário diferente, bem diferente, onde as intervenções de MLF que, à semelhança de qualquer ser humano, possui inegáveis qualidades e por vezes espantosos e quase paradoxais defeitos, tiveram um propósito óbvio de marcar terreno, forçar a porta. E ainda bem, até porque já percebeu o mesmo que MRS, que o tal “líder de transição” será seguramente o mesmo que irá a votos em 2009.

MRS, na minha modesta opinião, nunca deixará de ter ambições políticas mas, porque é quase tão inteligente como PG, tenho cá para mim que estando bem informado do trabalhinho de sapa que o pequeno mas irrequieto Mendes anda a fazer dentro do PSD, ainda por cima com mais 3 aninhos para ir solidificando a sua influência, já imagina o resultado do esperado Congresso de 2008.

Aqui entrará em acção aquilo a que alguns chamam a tradicional adoração do PSD pelo Poder, sendo que só nessa altura é que se verá se Mendes tem o que é preciso para ganhar. Algo que poderá depender muito do estado em que se encontrar o Governo socialista, mas que não muda nada na liderança social-democrata. MRS, sabe bem disso e lá o vem dizendo devagarinho enquanto vai fazendo uns favores à actual liderança.

Concluindo, caro PG, sabe aqueles clips para memória futura que, periodicamente põe nos seus magníficos posts? Ponha também nesse, mas não se preocupe que seja como for, eu depois relembro-lhe a sua lúcida análise daqui a 2 anos.

2006/05/17

Luz....Silêncio! ACÇÃO!!!

Um gajo tem de adorar esta gente, em especial o nosso PM, aqui vai ele dentro de momentos apresentar “as linhas mestras” desta coisa que nos indispõe periodicamente o Ordenamento do Território e logo quando, o nosso PM, identificou 24 problemas! É um génio este nosso PM! 24! Vejam lá como ele é genial, deve ser coisa para durar dois anos a resolver, um problema por mês...

Teremos direito a ler 100 páginas de coisa bem montada em pdf e deliciarmo-nos com a beleza do design deste último capítulo do Manual de Propaganda Socialista.

Até dá jeito porque parece que anda para aí gente – mal intencionada certamente – que ficou indisposta com esta outra coisa que nos indispõe periodicamente, o arrendamento.

Assim, amanhã, se tudo correr bem, já ninguém fala na ameixa.

Ele bem sabe que há muito português que gosta que as coisas estejam escritas no papel, dá uma ar sério, que se vai pôr em prática, é como um cliente quando olha para o projecto de um arquitecto, já está a ver a casa, não há casa, nem paredes, mas ele já a está a ver.

Socialismo à Maneira

Ainda há um Secretário de Estado que é um verdadeiro socialista. Depois de ter inventado uma nova lei das rendas que é o paraíso do perfeito burocrata, inventa um regulamento segundo o quel os senhorios que não têm dinheiro para fazer obras, ficam sem as casas. A pobre D. Lucinda, que recebe pensão mínima e mais 2 contos e quinhentos por mês da renda de um andar que os pais lhe deixaram na Rosa Araújo, vai perder o pouco que lhe resta. O inquilino que viveu à custa do empobrecimento da D. Lucinda nos últimos 30 anos, saqueia-lhe a casa ao preço do quilo de entulho e em breve terá um magnífico apartamento recuperado mesmo ao lado da Avenida da Liberdade.

JCD no Blasfémias

PS - Bold é meu, o prédio cujas rendas andam pela rua da amargura vai deixar de ser, para ser comprado por algum testa de ferro com olho para o negócio, que se encarregará de usar métodos extra-judiciais para por os velhotes que ainda lá sobrevivem numa casa de repouso.

2006/05/16

Volenti non fit injuria

Segundo o Público, a Comissão Instaladora da Associação Portuguesa de Infertilidade (CIAPI) a legislação sobre Procriação Medicamente Assistida (PMA) é discriminatória, deixando de fora as mulheres solteiras que pretendam ser mães: "Não bastava às pessoas inférteis a infelicidade da doença, não bastava o desprezo institucional a que vinham sendo votadas, agora perspectiva-se um diploma que definitivamente legitima a segregação oficial das pessoas inférteis".Os homens podem ser dadores de sémen, mas as mulheres não podem ser dadoras de ovócitos, tudo para evitar que as mulheres lésbicas possam engravidar, e agravando o fosso entre as pessoas com mais posses financeiras, que acedem às clínicas privadas, e as com menos recursos.

Escreve a Exma. Sr.ª Dr. Joana Amaral Dias.

Uma perguntinha apenas, é lícito prever na legislação a aprovar e cuja discussão tem estado ausente da sociedade, situações que não são menos importantes e também elas deveriam ser motivo de discussão?

É demasiado redutor o que resulta do texto, “tudo para evitar que…”, tudo o quê?! A que respeito a Exma. Sr.ª Dr. Joana Amaral Dias reduz as intenções de quem não partilha com ela das mesmas ideias a uma mera manobra para evitar que as lésbicas (ou como escreve a Exma. Sr.ª Dr. Joana Amaral Dias em claro abuso de argumentação lógica “as mulheres lésbicas”) possam engravidar! A grande maquinação nem seria essa, seria que os maus da fita querem obrigar as pobres lésbicas a traírem a sua condição com um marmanjo qualquer. Adiante!

À Exma. Sr.ª Dr. Joana Amaral Dias, não darei também o mesmo benefício da dúvida, quero lá saber se ela está genuinamente preocupada com as questões que a PMA envolve, eu bem sei que o que ela quer é que se consagre na prática a adopção de crianças por casais homossexuais sem ouvir seja quem for.

Então que tal, Exma. Sr.ª Dr. Joana Amaral Dias? Gosta que eu reduza as suas intenções não escritas a meros slogans?
Gosta que eu a julgue pelo que resolvi deduzir que pensa e sente, para meu próprio conforto?

As epifanias aos pares

A epifania, na vida de um pobre diabo qualquer, que deve passar despercebida.

Deve, se o pobre diabo for um gajo como eu, se for um gajo com a pinta de um Newman e a conversa de uma personagem de Grosse Point Blank, a lógica aplica-se ao contrário.
Algumas epifanias se não forem ignoradas, esquecidas, postas de lado para todo o sempre, podem arruinar o dia de trabalho a um gajo ou pior, um dia de descanso e transformá-lo em trabalho. Passo a explicar a lógica da batata.
Neste tempos de Verão, de necessidade absoluta de aderir à última moda por parte do sexo feminino, a pior coisa que me podem fazer é obrigar-me a levantar os olhos (normalmente fechados) de cima de um qualquer estudo, para me confrontar com duas epifanias em equilíbrio num decote que claramente só suportaria com dignidade católica outras duas de igual forma mas com metade da opulência.
Assim aos pares, as epifanias são sinais de que nos devemos dirigir para a porta de saída e ir perguntar a João César das Neves quando é que se decide a escrever só sobre economia, quando as estas duas se segue uma outra que, nos tempos que correm, deixa antever o uso (de clara natureza sadomaso) de um fio dental, então e confrontado com a triste realidade que não sou o Newman ou sequer um boçal e vulgar Tarzan da Trafaria, tenho de mergulhar, decidido, em algum parecer ou estudo que anda aos caídos na minha secretária.
Der por onde der, coisas destas obrigam-me a trabalhar e ultimamente já nem aguento uma gata pelo rabo, sendo que cada dia que passa já qualquer rabo de gata serviria.

Quando se insurgir olhe em volta

O Miguel e restantes (não sei se todos) os insurgentes estão indignados com o populismo do PSD, deitam vivas à seriedade de Manuela Ferreira Leite.

Esta, na semana que antecede um Congresso do seu partido, vem explicar racional e economicamente as razões que a levam a defender o encerramento das maternidades.

Há aqui uma boa dose de populismo que já não parece alertar as atentas orelhas dos sapientes insurgentes, uma boa dose de oportunismo político bem revelador das ambições de Manuela Ferreira Leite. O PSD anda a discutir esta questão há que tempos mas é logo agora que ela dá a conhecer a sua ilustre opinião. Andava afónica?

Como é óbvio, Manuel Ferreira Leite, está a marcar terreno e apenas isso, a sua opinião não pode ser separada do momento em que a emite, sob pena de lhe atribuirmos um genuíno interesse por uma questão que é coisa que ela claramente não tem.

A Carta

























A carta enviada pelo tresloucado líder iraniano a George Bush, amplamente anunciada e tomada como um gesto revelador, resumiu-se a um arrazoado de disparatadas acusações que não diferem muito da argumentação de um qualquer deputado do BE.

Aliando alertas para as especificidades culturais e religiosas do mundo árabe que justifiquem a perseguição, assassinato e opressão dos seus, com acusações e ameaças do foro divino, o senhor Ahmadinejad lá foi colhendo simpatias.

Posso apostar o que quiserem como ainda iremos ouvir alguém à esquerda (por que não o inacreditável Daniel Oliveira) a invocar a carta como contribuição menosprezada para a Paz (com letra grande) na região quando "aquilo" é pouco mais do que uma versão em papel de hate mail.

Meninos

Rodrigo Moita de Deus, jovem promissor e competente assessor, teve a feliz oportunidade de ter sido um dos escolhidos para figurar na Evocação dos 25 anos da morte de Francisco Sá Carneiro com um excelente texto.
O mesmo que agora figura como subscritor de uma (e)moção cómico-trágica ao Congresso do PSD.
Este curioso texto, cheio de humor gozão, deixa-me uma dúvida: Se este curioso rapaz seria o mesmo que nos alertaria, às 4 da manhã, para a necessidade de “regressar ao espírito do PSD de Francisco Sá Carneiro” ou posto nessa condição (de orador) não se levaria mais a sério? Não, ele provavelmente diria que o nome de Francisco Sá Carneiro lhe inspiraria enormes sentimentos de dívida, sempre seria mais elegante.

via http://abcdoppm.blogspot.com/

2006/05/15

A curvatura da espinha

Qual o nível de treino e torção na espinha necessários para se poder defender as opções ideológicas do BE no quadro de uma democracia?

PSD

Confesso a minha admiração pela figura. Digo mesmo que quem achava que a coisa ficava por aqui ou estupidamente acha que acaba em 2008 está a precisar de ir apanhar ar.
É pequenino mas cheio de energia, tem lá uma equipa que nem se sabe quem são, o que são é eficazes. Os potenciais líderes, perderam tempo, o D. Sebastião "Borges" simplesmente não tem base para avançar, nem terá. Leite, não quer.
Em 2009, logo se verá.
Vai ser divertido ver a habitual fascinação pelo poder no PSD a tomar conta dos militantes, se Sócrates estiver na mó de baixo vai tudo correr para os braços do Marques Mendes, se estiver cheio de sucesso, ninguém se vai aproximar dele.
Tudo isto, tendo de conviver com a caricatura mais desmoralizadora do Contra-Informação.

Sócrates vai gastar menos

O Mundial está aí, durante pelo menos esse período não vai gastar o dinheirinho do Estado naquelas faustas apresentações no CCB. Sempre poupamos algum.

Now you need a wife

http://www.theraconteurs.com/

CDS-PP

Afinal quem é que ganhou o Congresso? Ribeiro e Castro fez um ultimato e ganhou, Pires de Lima disfarçou, deixou recados, que ninguém tivesse medo que não haveria vazio de poder não arriscou o jurídico pescoço e ganhou. Portas não se pode rir de nada, se é que ele se quer rir.

Dúvida regional

A malta do Porto também acha que a moirama de Lisboa guia tão mal como a moirama acha que os morcões ainda não perceberam a função dos sinais de trânsito?

L'affaire Carrilho

Pobre homem, fraca figura, péssima cara.
Dizem que tem um ego enorme, convenhamos que o facto só se justifica pela mulher que arranjou. Vá lá, sejamos honestos, fosse ele um tipo minimamente apresentável e até concordava com a falta de justificação, mas caramba pá, comparando a coisa com as memórias de tempos idos é como se o choninhas da turma namorasse com a tipa mais cobiçada de todo o liceu. Falamos de inveja.
Sim, sim, o tipo meteu os pés pelas mãos na campanha e agora deu um tiro no pé, um tiro com aquele pistolão do Dirty Harry, mas a questão é mais simples, é onde anda ele com as mãos andávamos nós a sonhar. Quem tem uma mulher daquelas não pode ser gago, tem de falar, tem de dizer qualquer coisa.
Cada vez que ele o faz, a homenzarrada toda torce-se na cadeira e ouve a lenga-lenga infantil: “Querias! Batatinhas com enguias!”

Verdades desportivas

Nada pode vir de acertado de um gajo que se põe a dar opiniões sobre futebol e se veste como se fosse jogador da bola. É o caso daquela simpática figura na SIC Notícias que deve ser provavelmente daltónico.

Acorda lá para a realidade

Confesso que sempre fiz questão de ser um tipo educado na empresa onde estagiava.
Como estava rodeado dos mais perfeitos anormais e como sou um belo snob, fazia mesmo ponto de honra em que quanto menos educados eram mais eu o era. Nunca comentava as mamas de uma funcionária com a malta da sala dos computadores, se comiam como se tivessem uma manjedoura eu dava ares de fidalgo, abria a porta e dava passagem, era um senhor. Afinal havia senhoras na empresa, nunca lhes dirigi um piropo mais atrevido.
Um belo dia, a casa de banho dos homens, à força de tão pouco puxarem o autoclismo avariou e tivemos que usar a das senhoras. O que me foi dado a ler nas portas ultrapassou as fantasias do canal 18. Eram tratados de pornografia, a dos homens eram em comparação, pouco mais que textos infantis e ainda por cima como claras tendências homossexuais. Aquilo era quase violento, visceral, recados para outras funcionárias sobre qual era o gajo que fodia melhor, que tinha melhor cu, que era mais cabrão, sonhos com quem não se metia em coboiadas, o que fizeram e iam fazer, queriam fazer e queriam que lhes fizessem.
Tive lá mais 4 meses, até terminar o estágio. Escusado será dizer que à primeira oportunidade confirmei as informações vertidas naquela casa de banho.
Nunca quis saber se escreveram recados sobre mim, por uma questão de higiene e de amor-próprio.

Depois da Quaresma há gente que fica assim

Vamos lá ver esta merda. O Quaresma, que faz extraordinários cruzamentos, contra o Sporting, só os fez do meio-campo mas eram cruzamentos, vá-se lá saber porquê e como. Na seleção, nem um, nuca, não joga nem jogou um corno. Um bocado como aquela malapata ambulante de nome Baía, o jogador que mais azar dava à selecção, com honrosa excepção de Veloso.

Esta malta do FCP, na ausência de queixa de um arranja maneira de defender o indefensável, que Scolari não percebe nada porque não chama o Quaresma. Deve ser uma questão religiosa, não encontro outras explicações.

GM

GM, era magra, doente de magra, tinha mãos calejadas de esfregar o chão, mas não era feia, era marcada.

Eu era ignorante e novo, andava lá por casa em empréstimo de férias, todos os aninhos, ria-me com ela e ria-me dela.

Perdia as tardes a olhar para o erotismo das National Geographic que o meu tio colecionava. Ela, com um ar cúmplice, como aquilo fosse coisa pouco recomendável, sentava-se ao meu lado entre espanadelas dos móveis. Já estava assim “para o” velha aos 23 anos. Aos 14, 23 era lá para o fim do século, era longe, era dali a muito, muito tempo. Eu era burro que doía.

Numa tarde, GM, sentou-se ao meu lado enquanto eu olhava deliciado a nudez de uma índia sul-americana. Ela perguntou-me se eu ia para cama com “aquilo”. Era racista, como todo o bom empregado é. Os patrões são sempre coniventes com esse racismo dos que recebem do seu bolso? À mesa nunca são. Isso, eu sabia.

Poucos sabiam e sabem, algo que eu atribuo a demasiada telenovela, demasiado cliché, da menina rica, má, racista, a empregada pobre, boazinha. A verdade? Não há diferenças, a primeira sabe é comer à mesa e se isso for importante, faz toda a diferença, se não for. Não é.
GM, não seria mesmo racista, não tinha consciência desse facto, era bruta, criada à força de chapada e gritaria, primária nos instintos. Eu gostava dela, fazia bons bifes e parecia ter um genuíno interesse pelos disparates que eu ia dizendo. No fundo, era boa pessoa.

Passei ao lado da classificação feita à índia, ela ria e percebia o meu embaraço. Normalmente ela iria à sua vida, mas estava calor, era Verão, estava um calor seco, daqueles que já não se usa.
- Se eu me despisse ias para a cama comigo?
O sangue subiu-me à cara, pensava nos meus tios a entrarem pela porta, olhava para ela com cara de parvo, a perceber a sua fome, tão grande e desesperada, que considerava recorrer a um ciaxa de óculos e acne juvenil. Levantei-me e corri para o quarto dos fundos, envergonhado e de pernas a tremer.

Passaram-se horas. Não arranjava coragem para sair dali. Adormeci.
Uma mão áspera como uma lixa acordou-me, GM na borda da cama fez-me sinal para que me calasse e disse.
- A porta está trancada.

Despiu o avental e o vestido creme, feio, tirou umas cuecas da mesma cor desmaiada.
Era tão magra, ossuda, seios muito brancos, pequenos. Ficou ali imóvel. O meu corpo traiu-me, ele olhou-me com simpatia e ajoelhou-se, devagar tirou-me as calças.
Foi rápido como uma flecha, lembro-me do nervosismo, de como eu tremi do princípio ao fim, de ela não ter dito uma só palavra e só ter abanado a cabeça em sinal de assentimento quando eu explodi dentro dela. Ela saiu para nunca mais voltar a entrar no quarto.

Meses mais tarde, soube que voltou à terra. Encontrei-a dois anos mais tarde, por acaso, na baixa do Porto, tinha casado. Passou-me a mão pela cara mais uma vez e sorriu.
Eu disse-lhe obrigado e nunca mais a vi.

A Queda do Mundo serve para quê?

Para o que der e vier. Escrevo do que me apetece, Às vezes escrevo mal outras vezes bem pior, às vezes sobre política, de factos relevantes da sociedade – nas sábias palavras do amanuense que tinha uma filha – outras sobre cultura, sobre bola, sobre sexo, sobre carros, sobre outros tipos que escrevem em blogues, sobre mim…menos vezes. Logo se verá.
Serve para me distrair e acolher elogios de desconhecidos.

A Queda do Mundo?

Porquê o título?

Simples. Não sei.

A Queda do Mundo

Tudo começou no dia em que decidi que seria o que tinham desejado que eu fosse. Logo ali.
Se estão à espera que vos diga que falhei, que dei uma valente palhaça na vida, estão enganados. Não é que acertei, em cheio e em tudo?!
Fui certinho, sou certinho, tirei o curso, não me droguei, não me drogo…tem sido limpinho. Sem dramas.
Não me sinto vazio, não estou à procura de nada. Logo, isto é só uma experiência. Vamos ver se dá resultado.