Li com gosto uns recados de um grupo de fumadores de cachimbo, que dizem ser de Magritte, o que lhes parece dar um ar pensativo.
Especialmente cómica é a intervenção de Gonçalo Moita, que escreve pouco e se espanta muito. As mulheres espantam-no, coisa que é pouco original, em especial o facto do:
“... século passado (ter sido) fecundo em revoluções. Uma delas foi, sem dúvida, o reconhecimento de certos direitos às mulheres, associado à sua crescente influência e intervenção na vida de comunidades como a nossa. Fora do lar, no fundo…”
Isto é um disparate, sobretudo numa sociedade como a nossa. A única revolução no século passado que importe às mulheres foi a de, muito ao de leve, começarem a mandar menos fora da família do que mandam lá dentro.
Gonçalo Moita, desatento, não percebeu isto: a avó, a mãe até (mas menos), mandaram mais e tiveram mais influência na “nossa comunidade” do que tem a mulher dele.
O quer importa à “nossa comunidade” que as mulheres votem, a estudem mais (sempre estudaram mais), a mandem nas empresas, a chefiar Governos (só me lembro de uma), a fazerem uma multiplicidade de coisas anteriormente reservada aos homens? Zero. Nada mesmo.
A “nossa comunidade”, de homens entenda-se, assobia para o lado e percebe bem onde cortar as perninhas a esse mulherio. Corta-lhes o salário, a subida na carreira e a passagem na fila de trânsito.
O que a “nossa comunidade” não faz ideia é como lidar com a mulher dentro de casa, a nossa, a mãe e a filha.
Deste o tempo das cavernas é o seu reino, por muito contrariadas à força de pancada e exibições verbais dos pais, maridos e filhos.
Em silêncio ou aos berros, na cama ou fora dela, fizemos e faremos sempre o que elas mandarem ou o que acharmos que não as irrita.
Gonçalo Moita sabe isto muito bem ou então é uma mulher.
2007/09/12
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1 comment:
Caro,
Respondo ao seu comentário no Cachimbo de Magritte.
Obrigado,
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