2007/09/14

Vai uma cachimbada II

Existem boas almas como o Paulo Marcelo que ao que parece, se preocupam muito com as directas do PSD e uma miríade de coisas que a elas julgam ligadas.

Paulo Marcelo, certamente por bondade, eleva a coisa a patamares nunca vistos. A saber, imagina que é benéfico “discutir política” e para tal (aqui escorrega) oferece o exemplo dos debates dos candidatos socialistas nos idos de 2004, fantasiando sobre uma tal de “rampa de lançamento” que impulsionou o decidido Sócrates para o firmamento e por acaso, para PM.

Pondo de parte a história do santanismo, o que João Soares, Alegre e Sócrates discutiam era um mais que provável lugar de PM, com a vantagem de não terem de emitir ideias.

Sócrates provou com competência que era o que tinha menos ideias dos três, Costa descansou, os socialistas também.

Ora, nem Mendes nem Menezes estão a discutir sérias probabilidades de serem o próximo PM, nem será possível – eu diria aconselhável – que discutam ideias.

Assim e bem, Menezes diz que vai para a rua, ouvir os descontentes, o que é um exercício bom para os pulmões desde de que saia do centro de Gaia e Mendes faz mais uma volta ao país e finge que acredita que há verdadeira lealdade nos génios que gerem distritais, secções, juntas e coisas desse calibre.

Paulo Marcelo, que é realmente boa pessoa, acha que existem argumentos que possam ganhar o poder, acha mesmo que se devem ouvir especialistas e “apostar nas pessoas certas” (?!!), cortar com os barões, baronetes e pasme-se cortar com o cavaquismo. (!!!!!!)

Se Mendes leu o artigo, deve ter pensado que se há sujeito que vai ser proibido de entrar na sede é o Paulo Marcelo.

Vejamos, no campo das ideias não há grande coisa a inventar: Entre “apostar na qualidade”, “consensos nacionais”, “pactos” e “apostar na inovação”, “modernizar” e outras coisas que por si só são inatacáveis e qualquer critica indicadora de uma perigosa tendência em se estar contra “o progresso”, não existem muito mais coisas para discutir.

Os portugueses, os militantes partidários sobretudo, não querem que os macem com essa coisa das “ideias”, assim teriam de se recordar que há 300 anos que não se escreve nada sobre teoria económica, politica, social e com a excepção do tresloucado do Oliveira Martins, nada sobre história.

A descoberta, por intermédio de especialistas, de soluções que salvem Portugal do atraso, esbarram sempre no facto de há mais de 30 anos que falamos de reformas na educação que iam catapultar Portugal para o pelotão da Europa.

Todas ideias muito concretas que nem sequer eram ideias, eram e são apenas mecanismos de defesa verbal contra o que qualquer portuguêrs mais abomina, a perda da sua “identidade nacional”.


Caro Paulo, os sociais-democratas – que não existem de resto – acarinham Cavaco como qualquer Torie acarinha Tatcher, sem comparar o génio de uma e a vaidade do outro, se cortarem em alguma coisa é no que os possa irritar.

Tirando isto tudo, Mendes não tem muito para oferecer para além de boas intenções, Menezes desconhece essa possibilidade, os novos militantes já são velhos e rurais mesmo que militem em Benfica ou em Gaia.

O PSD não seria eterno em Inglaterra, França ou Itália, por cá antevejo um futuro brilhante, sempre com a preciosa ajuda das “pessoas certas”.

1 comment:

Paulo Marcelo said...

Caro Duncan,
Agradeço os seus comentários.
Mais do que ideologia "social democrata", eu falo de ideias concretas e de politicas sectoriais. Essas são inevitáveis se um partido quer ter credibilidade.