2007/06/08

Uma questão de espelhos

O novo socialismo de José Sócrates nada tem de novo, repete as mesmas e estafadas soluções que no passado espelharam a magnifica falta de ligação à realidade desse grupo de notáveis que pululam pelo Partido Socialista.

José Sócrates, armado de um conjunto admirável de frases feitas e um dedinho espetado no ar, quando não para todos os outros que com ele não concordem, iniciou então – determinado – o trajecto para o mais mal cheiroso dos pântanos.

Nada disto nos deveria espantar, basta para tal recordar as nobres intenções com que Sócrates nos brindou no seu programa de governo.
Logo ali, pedia “…uma atitude mais pró-activa”, avisando que “ temos todos de nos empenhar em criar uma imagem mais positiva do nosso país” e que, para que não persistissem dúvidas, que era seu “desígnio é formar uma aliança entre vastas camadas da sociedade portuguesa” com o propósito, mais uma vez, de “ projectar internamente e no Mundo uma boa imagem de Portugal e dos portugueses”, não lhe ocorrendo que para além da inexistência das tais vastas camadas da sociedade portuguesa, o Mundo não tivesse a mais leve intenção de se preocupar com a imagem do país e seus autóctones ou os ditos com a sua imagem perante o Mundo.

.Com a subtileza com que nos habituara no passado, Sócrates esclarecia ao tal Mundo que para além da imagem e a tal da atitude pró-activa, pouco mais nos separaria das grandes nações do planeta terra.

No planeta terra ninguém se comoveu e a vida continuou imperturbável.

Sócrates ficou, no entanto, verdadeiramente comovido e com a tal determinação que diz possuir tratou de interiorizar os nobres desígnios que anunciara, aplicando-se para que e pelo menos no seu caso particular, fossem atingidos os objectivos.

A sua imagem e a tal “projecção”, foram então geridas com uma competência sem par em toda a administração pública, não sendo esse esforço ignorado por boa parte dos jornalistas e aplaudido com entusiasmo por notáveis comentadores nacionais.
Apesar de tão comovente exemplo o país - e os portugueses - resolveram não o seguir e ficou apenas Sócrates a fingir que era Portugal.

Previsivelmente, muitos jornalistas e comentadores, confundiram os resultados obtidos por Sócrates com os obtidos pelo país. Não é por acaso que se viram em dificuldades para lidarem com os sucessivos episódios que Sócrates e o seu governo vêm alegrando a nossa vida.

Se uns se mostravam subitamente indignados com o logro em que, por sua culpa exclusiva, tinham caído, os outros negavam com todas a suas forças que algo se passava e outros ainda, davam novos exemplos de lealdade ao chefe e ao seu “sonho” por palavras ou extraordinárias demonstrações de lealdade como a ocorrida com um obscuro ex-deputado de nome Charrua.

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